MOEMA

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PAPIRUS DO EGITO

quinta-feira, 20 de junho de 2013

PARTE I – DA INFÂNCIA À CONVERSÃO

Iñigo Lopez de Recalde ou Iñigo Yanez de Loyola nasceu no dia 31 de maio de 1491, na casa-torre dos Loyola, no País Basco, perto de Azpeitia, a 20 km a sudoeste de San Sebastián, norte da Espanha, fazendo fronteira com as províncias de Biscaia e Álava, com a comunidade Foral de Navarra e com a França. Segundo alguns autores o seu nascimento teria sido no dia primeiro de junho e o seu lugar de origem é Guipuzcoa.
 Cercada pelas montanhas, uma delas a majestosa Izarraitz, que escondem, entre as pequenas localidades de Azpeitia e Azcoitia, no meio de um bosque de frondosos castanheiros e macieiras, essa região é cortada pelo rio Urola. Iñigo aí cresceu isolado não tanto pela geografia , como pela distância imposta por sua linhagem.





Filho caçula de um fidalgo de antiga família basca, poderosa, embora sem título de nobreza, d. Beltrán de Loyola e de d. Marina Sonnez, que tiveram treze filhos, desde cedo foi iniciado na alegria e na valentia do seu povo. O velho brasão dos Oñaz e Loyola, exposto no pórtico da casa, com dois lobos (=Lopez), simboliza ousadia, agressividade e poder dessa família, uma das características do povo basco.
Entre as famílias Oñaz e Loyola havia uma rivalidade impetuosa que se traduzia em grupos opostos, tendo os Reis Católicos de intervir para diminuir e aliviar essas disputas. O avô paterno foi castigado, sendo exilado de sua casa. Ainda na infância perdeu a sua mãe e aos dezesseis anos seu pai faleceu.
Dos irmãos sabe-se que João, o primogênito e Beltrão, o terceiro morreram guerreando em Nápoles (1496). Hernando veio para a América fazer fortuna e aqui desapareceu. Pedro se tornou sacerdote da paróquia de Azpeitia e suas irmãs Juaniza, Madalena, Petronila e Sancha viviam na casa-torre com os criados e a sua ama-de-leite Maria Garin.
De pequena estatura (1,58m), Iñigo tinha pele morena, queixo pontudo, usava seus cabelos arruivados compridos, como era o costume na época, roupas vistosas e gorro vermelho, típico do bando dos oñacianos. Em 1505 por fatos acontecidos no carnaval em parceria com um dos seus irmãos, fugiu de Loyola indo morar no palácio real de Arévalo onde viveria, como pajem de d. Juán Velasquez de Cuellar, ministro do Tesouro Real do reino de Castela, casado com d. Maria de Velasco, durante o reinado de D. Fernando de Aragão. Iñigo passou a viver como cortesão, levando estilo de vida leviana, e se fez homem, no meio do luxo e da vaidade da corte do Rei da Espanha. Aí ficaria de 1506 a 1517. Com a morte de D. Fernando,  Velasquez de Cuellar  foi desapropriado dos seus bens pela Rainha D. Germana de Foix, o que provocou a sua morte, em 1516. Com o desaparecimento do seu protetor, Iñigo colocou-se a serviço do Vice-Rei de Navarra, D. Antonio Manrique de Lara, Duque de Nájera.
Extremamente vaidoso, gostava de vestir-se bem; ao ingressar na carreira militar andava sempre armado e usava uma couraça, mantendo os cabelos compridos. Segundo informações de Villoslada, Iñigo nunca foi soldado, nem capitão, sequer fez parte do Exército. Era familiar do Duque e  seu gentil-homem.
Lutando no cerco de Pamplona, sitiada por Francisco I, foi atingido por uma bala de canhão, ferindo gravemente a perna direita, em 20 de maio de 1521. Nessa época tinha apenas 26 anos, e viu ruírem os sonhos de conquistas militares; passou meses inválido no castelo da  sua família, ficando coxo para o resto da vida.
Durante a sua longa convalescença leu muitos livros sobre a vida de Jesus (Vita Christi de Rodolfo da Saxônia) e biografias de santos (Flos sanctorum e  Legenda aurea) de autoria do monge cisterciense, Jacopo de Varazze, que comparava o serviço de Deus com uma ordem cavalheiresca. A partir dessas leituras, convenceu-se da futilidade dos seus projetos militares, empolgou-se com a ideia de uma vida dedicada a Deus, emulando os feitos heróicos de São Domingos e São Francisco de Assis, imaginando seguir-lhes os passos, na radicalização de uma vida entregue ao serviço de Deus. Tocado por esses relatos sobre os santos, experimentou uma alegria profunda e duradoura, decidindo-se pela conversão dos infiéis na Terra Santa. Da frustração nasceram novos sonhos e ideais.




Convertido, troca o seu nome Iñigo (ignis=fogo) nome do velho homem, violento e passional, por Inácio, um novo homem humilde, serviçal e fraterno.
Em 24 de março de 1522, Inácio decide abandonar suas roupas finas, dá adeus à abastada família, pendura seu equipamento militar perante uma imagem da Virgem Maria, consagrando-lhe as suas armas e parte para uma vida de mendicância, estudos e viagens. Veste o saco da penitência, dorme em albergues, faz jejuns e vigílias.
Em 1523 seguiu para os arredores de Barcelona, na Catalunha, fixando-se na pequena cidade de Manresa, hospedando-se na casa de Inez Pascual, sua conhecida, dedicando-se ao estudo da gramática latina. Nessa época ajudou na reforma do Mosteiro Nossa Senhora dos Anjos onde fazia suas pregações. Mais tarde fez retiro no Mosteiro de Montserrat, em clima de total austeridade, penitências e profundas orações, seguindo rigorosamente as sete orações da Liturgia das Horas, abstendo-se da ingestão de carne e vinho. Fazia visitas aos enfermos levando-lhes consolo e comida. Foi nessa localidade que descobriu a sua vocação, às margens do rio Cardonet. Após o retiro em Catalunha, foi para Roma com o objetivo de conseguir passaporte pontifício, indo depois para a cidade portuária de Java de onde viajou para Jerusalém para visitar os lugares sagrados, sob a orientação de um franciscano. Na época da Reforma ele deve ter sido o único cristão reconhecido que teve o privilégio de visitar o lugar onde Cristo morreu.
Nessa época já reunira três companheiros para reformar suas vidas e a Igreja.Com Deus, Inácio conseguiu testar a sua paixão convertida, pois sua única ambição tornou-se a aventura de salvar almas.A partir daí sua espada era o amor e seu escudo, Jesus.
Na volta de Jerusalém seguiu para Alcalá, ingressando na Universidade onde começou as pregações e a ensinar seus exercícios espirituais, sendo por esse motivo preso pela Inquisição e proibido de pregar até o fim do curso de Teologia. Foi solto quarenta e cinco dias depois graças à intervenção do Arcebispo de Toledo, que manteve a decisão do Vigário quanto às pregações, incentivando-o a ir para Salamanca, conseguindo, para isso, uma vaga



Em Salamanca voltou a pregar, sendo novamente preso. Para obter a liberdade seu livro sobre os Exercícios Espirituais foi examinado pelos doutores que o proibiram de pregar por quatro anos.
No ano de 1528 decidiu ir para Paris a fim de concluir seus estudos, entrando nesse mesmo ano, no Colégio de Santa Bárbara onde ficou durante sete anos, aprofundando seus conhecimentos em Educação Teológica e Literária. Em 1553 obteve licença docente, tornando-se Mestre de Artes no ano seguinte. Nessa cidade desenvolveu um trabalho evangélico junto aos moradores e, como era leigo, despertou a suspeita das autoridades locais.

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